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A
Mata do Buçaco foi conhecida primeiramente por Mata de Alcoba,
não se sabendo quando mudou para o nome actual.
Várias origens têm sido atribuídas ao nome
BUÇACO, algumas de cariz popular e tradicional. Uma delas conta
que o nome resultou do hábito que um pastor tinha em mandar o
cão BUSCAR o SACO. Dai resultou BUSCASACO "BUSSACO”.
Todas estas origens são fantasiosas, sem o
mínimo fundamento. O nome Buçaco tem, na realidade, uma origem
um pouco incerta. Segundo o versão mais corrente, o nome parece
derivado de "Bosque Sagrado" ou "Bosque Sacro", ou de "Sublaco",
ou "Subiaco", um nome dado pêlos frades beneditinos que residiam
no Mosteiro da Vacariça (Luso) em recordação da gruta de "Subiaco"
perto de Roma onde o patriarca S. Bento fizera penitência e onde
aquela ordem fundara 12 mosteiros.
Além da Igreja do Bussaco,
arquitectonicamente pobre, existem na Mata onze capelas designadas por Ermidas.
A área ocupada pela Mata do Buçaco é
constituída fundamentalmente pelo Vale do Sacramento a
norte e Vale do Carregai a sul, ladeados a norte pela Costa do Sol e a sul pela
Costa do Sacramento. Os
dois vales estão separados por uma ligeira crista onde se
encontra o Hotel - Palácio do Bussaco e coalescem pelas
alturas da Fonte Fria, formando o designado Vale dos Fetos.
A Mata do Buçaco é, indubitavelmente, uma
das melhores colecções dentrológicas da Europa. Este arboreto e
o Parque da Pena em Sintra constituem os dois mais ricos
conjuntos de plantas lenhosas exóticas em Portugal.
A Mata do Buçaco é pois um monumento
polivalente:
Natural, botânico, zoológico, geológico e
paleontológico, militar, religioso, histórico e tradicional.
A Mata encontra-se situada no cimo de Serra
do Buçaco que, sendo uma elevação de baixa altitude, a vegetação
é uniformemente luxuriante em toda a sua área.
O convento foi transformado -num sumptuoso palácio neo-manuelino,
passando à actividade hoteleira a partir de 1909.
Como se disse, o microclima da Serra do Buçaco é húmido e
temperado com frequentes dias de nevoeiro, Assim, muitas das
árvores introduzidas no século passado, atingem, actualmente,
dimensões notáveis. São exemplos os seguintes espécimes:
-
Araucária
bidwillii Hook", árvore com cerca de 35 m de altura,
(Austrália),
-
Araucária
angustifolia" (Bertol.) O. Kuntze (o "pinheiro do Pará"),
originária do sul do Brasil e Argentina.
-
Cedrus
deodora" (Roxb. ex D. Don) G. Don f. espécie originária dos
Himalaias.
-
Cedrus
atlântica" (EndI.) Carrière originário das montanhas da
Argélia e Marrocos.
-
Cupressus
lusitanica Miller", o mais célebre, o Cedro-de-S. José,
considerado o exemplar mais velho em Portugal, com 22 m de
altura
-
Fraxinus
pennsylvaca Marsh" (o freixo-vermelho) espécie originária da
América do Norte.
-
O maior
exemplar do país de "Pseudotsuga menziezii" (Mirbel) Franco
(Abeto-de-Douglas), (45 m de altura). Outra espécie
originária da América.
-
Sequoias,
originárias da Costa do Pacífico dos Estados Unidos. São
desta espécie as árvores mais altos do globo.
-
Eucaliptos são originários da Austrália, Tasmania e ilhas
vizinhas.
-
Os abetos
(abias) são outras Pináceas, cultivados no Buçaco. Há
exemplos no Vale dos Abetos que atingem cerca de 40 m de
altura.
Finalmente,
não queremos deixar de referir a importância faunística
da Mata do Buçaco.
Entre as 23 espécies de mamíferos assinalados para o Buçaco,
interessa salientar a ocorrência da lontra (Lutra lutra),
espécie protegida por lei e extremamente rara nos outros países
europeus.
SEABRA (1905) assinala 80 espécies de aves,
mas acreditamos que na Mata do Buçaco exista maior número destes
vertebrados.
Estão assinaladas 10 espécies de répteis
e, entre as 9 espécies de anfíbios, salienta-se a
salamandra-de-cauda-comprida (Chioglossa lusitanica"), um
endemismo ibérico estritamente protegido.
Conhecem-se cinco espécies de peixes,
22 de moluscos e 134 borboletas (70 diurnas e 64
nocturnas), mas tal como nas aves, acreditamos ocorrerem ali um
maior número de espécies destes insectos.
Não seria curial terminarmos esta "resenha" sem realçarmos a
importância geológica da Serra do Buçaco.
A
designada Bacia Carbonífera do Buçaco aflora com uma orientação
Norte-Sul ao longo da falha Porto - Coimbra -Badajoz -Córdova. A
série sedimentar inicia-se por depósitos de leque aluvial, a que
se seguem cerca de 40 m de depósitos de planície aluvial
contendo uma flora fóssil do tipo do Rotii-egendes inferior, com
a idade provavelmente correspondente ao Estefaniano (27) mais
superior. A série termina por depósitos fluviais.
Esta Bacia Carbonífera do Buçaco é paleontologicamente muito
importante e variada.
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